Gorda

Fui ver a peça “Gorda”, com Fabiana Karla. Achei a peça bem legalzinha. Conta a estória de um cara bem sucedido e pegador que de repente se apaixona por uma gorda. Aí se desenrola uma série de preconceitos contra o casal. Interessante. É uma comédia bem bolada e ao mesmo mexe com certos preconceitos que a gente tem que rever.

Eu, por exemplo, sei que tenho preconceito com certos tipos de gordos. Principalmente aqueles que dizem: “Não sei porque sou gordo(a), não como nada!” aí quando você vai ver a pessoa está atracada com um sonho. Ah, faça-me o favor! O pior é que a pessoa realmente acredita que não come nada demais!

Outro tipo de gordo que eu não gosto é aquele que diz que tem problema de saúde. “Ah eu sou gordo(a) porque tenho tiróide”. Ou então “é que metabolismo é lento...” E quando você vira as costas, lá está ele(a) atracado com uma torta alemã.

Tem ainda aqueles que fingem não ligar pra aparência, que dizem que alfaces são amigas, não comidas, e se acham super de bem com o próprio corpo. Aí quando tem uma festa chique, um casamento, uma formatura fazem greve de fome para caber no vestido. Ou seja, hipocrisia, porque se sentissem-se realmente bem consigo mesmos não fariam dietas antes da festa, correto?

Como diria minha mãe, todo gordo é mentiroso. Mente que não come muito, mente que tem doença, mente que não liga pro peso. Minha mãe também diz o seguinte: “Vai pra Biafra, pra Somália e veja se lá tem gordo? Não tem! Só é gordo quem come”. E é verdade.

Vejo a obesidade como um distúrbio psicológico-alimentar tão grave ou mais que a anorexia. Na verdade a obesidade é uma anorexia ao contrário, a grosso modo. Acho que o melhor tratamento contra a obesidade é um psicólogo.

Aliás na minha utópica imagem do que deveria ser a saúde pública no Brasil, acredito que deveria ter psicólogos no SUS.

Enfim, não to dizendo que eu na convivo com gordos, que eu odeio gordos nem nada disso. Pelo contrário. Mas que eles mentem isso é verdade. Gordos que eu admiro são aqueles que não estão nem aí, realmente. Aqueles que dizem: “Adoro comer, não vou parar de comer” e ainda vão de biquíni pra praia sem o mínimo complexo. Esses sim não se dobram a ditadura da estética.