30 de jun. de 2008

O Mausoléu dos Monteiros

Muitas vezes me esquivei em ir ao Mausoléu dos Monteiro. Um lugar onde tenho lembranças de minha tenra infância, mas que ao ver hoje, não tem absolutamente nada a ver comum com essas lembranças. Não digo pelas pessoas que lá moram, praticamente as mesmas, com algumas faltas, é verdade, mas ainda assim o núcleo base. Não sei se a minha memória infantil e feliz faz com que eu tenho essa sensação tão nostálgica, nem se essa felicidade condiz com a realidade. Sei que as lembranças são minhas e a lembrança é algo muito particular.

O fato é que durante algum tempo eu evitei em ir para lá. Evitei porque a realidade entrava em conflito com as minhas lembranças. A decadência e a sujeira fizeram com que a casa se afastasse cada dia mais das minhas lembranças tenras. A casa repleta de gente de um colorido com todas as nuances do arco-íris se transformou em um mausoléu em tons de cinza. A população diminuiu a metade. A casa foi subdividida e sublocada. Essa é a triste realidade atual que contrasta com minha memória.

Por outro lado, é no Mausoléu que estou entre os meus. E especialmente agora, nesses dias difíceis pra mim, é onde encontro minha fuga da realidade. Um paradoxo estranho, pois durante anos fugi do encontro com a realidade decadente que transformou a casa em Mausoléu e ao mesmo tempo, em dias difíceis é onde encontro minha fuga da realidade cruel que me aflige. Mas o que é a vida se não o paradoxo da morte?

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